quinta-feira, 21 de abril de 2011

A PÁSCOA NA VISÃO DO VEDANTA


por Andrês De Nuccio


Vedanta é uma tradição que vem preservando e transmitindo, de geração a geração, o conhecimento da real natureza daquela parte de nosso ser que chamamos de Eu.

Num sentido amplo, Vedanta é todo ensinamento que leve o estudante a uma apreciação correta de sua própria natureza.

A nossa cultura nos transmitiu conceitos a respeito do que somos, através de nossos pais, professores e adultos significativos na infância, e através da televisão, jornais, e demais mídias formadoras de opinião na vida adulta.

Ao longo da nossa vida, fomos construindo respostas para a pergunta básica e fundamental: “quem sou eu?”.

E essas respostas nos levam a viver do modo como estamos vivendo.

Se o que aprendemos com os nossos pais, por exemplo, é que “eu sou responsável, inteligente e trabalhador”, certamente nossa vida será pautada por uma conduta muito diferente da que teríamos se nossos pais tivessem nos ensinado – com suas observações a nosso respeito – que “eu sou desleixado, burro e preguiçoso”.

De maneira semelhante, a mídia nos transmite o conceito de que somos pessoas inadequadas e infelizes, imperfeitas e inferiores… a não ser que compremos tal e tal produto!

E transmite essa idéia de maneira extremamente eficiente (ou deveria dizer maquiavélica), usando o conhecimento que existe sobre a mente humana de modo a tornar o seu apelo bem convincente a ponto de conseguir que, não apenas acreditemos que somos carentes, mas que também atuemos conforme essa crença, comprando o produto que nos tirará dessa carência, tornando-nos “plenos e felizes”.

Tudo em nossa vida está pautado em nossos conceitos a respeito do que somos.

Seja que eu jogue basquete, navegue na Internet, cuide dos meus filhos ou colecione selos, sempre, necessariamente, esses comportamentos estarão baseados numa visão do que é necessário, do que é importante, do que precisa ser feito.

E essa visão está totalmente fundamentada nos conceitos que eu tenho de mim mesmo.

O Vedanta questiona os conceitos que temos colhido ao longo da nossa vida a respeito de quem somos.

Questiona se somos coisas passageiras como um corpo, sensações, emoções, pensamentos.

E o Vedanta chega a conclusões libertadoras, tais como “eu já sou a plenitude que busco”, e “eu já sou tudo que deveria ser!”

Já pensou como a vida ganha em liberdade a partir dessa descoberta?

Jesus foi um grande mestre de Vedanta, mesmo que nunca tenha se chamado a si mesmo de vedantino. E Ele o era porque tinha uma total clareza a respeito de qual era a Sua verdadeira natureza.

Ele tinha uma justa apreciação dos aspectos mutáveis e transitórios do Seu ser e daqueles permanentes e imutáveis.

Ele podia julgar o mundo com o olhar da Sabedoria, tão incompreensível para o homem espiritualmente ignorante. É por isso que, quase dando risada, Ele pode responder a um Pilatos embriagado de seu poder temporal: “Nenhum poder você teria se não te fosse dado pelo Altíssimo”.
Hoje, como sempre, o significado profundo das tradições espirituais se perde na superficialidade do cotidiano. E, assim, um momento maravilhoso de reflexão, de apreciação da possibilidade de uma dimensão de consciência mais ampla, capaz até de fazer com que a morte e o sofrimento percam a sua face apavorante, transforma-se numa tola corrida às lojas para comprar chocolates!

Lembro-me de uma poesia de Rimbaud em que ele convida à sua amada a viver intensamente, a soltar a sua luz, a elevar-se aos cumes do pensamento. No final, depois de ele ter feito, no decorrer de longos e belíssimos versos, as mais brilhantes propostas, é a vez de ela responder. E ela aceita? Não. Ela levanta uma objeção tola: “Sim, mas… e a minha escrivaninha?”.

O mestre indiano de Arnaud Desjardins, tendo ensinado Vedanta para vários franceses, conhecia esse apego tão comum em todos os ocidentais, que nos faz deixar de viver segundo a Verdade devido às pequenas objeções que, desde uma visão mais sábia, não passam de tolices, de brinquedos de pessoas imaturas. Uma vez, perguntado por um outro monge se já tinha aprendido a falar em francês, ele, bem-humorado, respondeu que falar francês era fácil, era apenas dizer “Oui, mais…” (sim, mas…).

Assim também, a tradição da Páscoa nos convida a renascer para um modo de vida novo e maravilhoso. E o que vamos responder? “Oui, mas… e a minha escrivaninha?????”.

Ou vamos ousar viver a nossa Luz?

Esta época de Páscoa nos dá a oportunidade de refletir sobre a maneira como pensamos a vida, sobre o modo como a estamos vivendo: a que damos valor?

A que dedicamos a maior parte do nosso tempo, do nosso dinheiro, da nossa energia?

A que nos apegamos sem abrir mão ou ceder um centímetro?

Por que objetivo estamos dando a nossa vida?

A Páscoa nos convida à morte. À morte para um modo de vida baseado em conceitos e crenças mundanas, que não se sustentam quando confrontadas pela argumentação dos sábios.

A Páscoa é um convite para abandonar o que, no nosso coração, sabemos que é preciso abandonar. A Páscoa é um convite para ressuscitar da morte da ignorância espiritual, dos estúpidos valores consumistas que criam um destino individual de tensão e ansiedade e uma sociedade violenta e imoral.
A Páscoa diz: “Você pode crucificar o meu corpo transitório, mas não pode crucificar a Mim, que sou permanente. Você pode caluniar minha personalidade histórica, mas não pode caluniar minha Consciência imortal, que transcende qualquer definição verbal. Você, que vive alicerçado nas coisas que o mundo dá, pensa que está me tirando algo a Mim, que sou Onipresente!”

Que bela aula de Vedanta!

A Páscoa, enfim, na visão do Vedanta, é um momento para iniciar ou fortalecer o nosso compromisso com tudo que nos traz a visão dos Sábios, a visão crística: o estudo, a meditação, a verdade, a vivência da paz, o Yoga, o sorriso, o perdão…

Tomara que ela possa ser comemorada e compreendida.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Sou...




"Sou as partículas de pó à luz do sol,
sou o círculo polar.

Ao pó digo: - Não te movas.
E ao sol: - Segue girando.

Sou a névoa da manhã
e a brisa da tarde.

Sou o vento na copa das árvores
e as ondas contra o penhasco.

Sou o mastro, o leme, o timoneiro e a quilha
e o recife de coral em que naufragam as embarcações.

Sou a árvore em cujo galho tagarela o papagaio,
sou silêncio e pensamento, e também todas as vozes.

Sou o ar pleno que faz surgir a música da flauta,
a centelha da pedra, o brilho do metal.

Sou a vela acesa e a mariposa girando louca ao seu redor.
Sou a rosa e o rouxinol perdido em sua fragrância.

Sou todas as ordens de seres,
a galáxia girante,

A inteligência imutável,
O ímpeto e a deserção.

Sou o que é e o que não é.
Tu, que conheces Jelaluddin.

Tu, o Um em tudo, diz quem sou.
Diga: Eu sou Tu."

O impacto de Urano em Áries.

O planeta Urano estará entrando definitivamente no signo de Áries a partir de março de 2011. Isso traz presságios de mudanças estruturais na sociedade, em tudo o que se relaciona à ordem estabelecida politicamente ou a qualquer hierarquia que não tenha por base respeito às individualidades. Temos, portanto, transformações importantes à vista, caro leitor, e cada um de nós poderá exercer uma força atuante no mundo com base nessa característica astrológica.

Para quem é leigo no assunto, talvez seja útil entender que os planetas se movimentam de modo cíclico, no que se refere ao tempo de permanência em determinado signo. Isso quer dizer que a repetição quase inalterada dos movimentos planetários cria padrões que de tempos em tempos voltam a aparecer. Por esse motivo é que a astrologia consegue elaborar previsões, pois as mesmas têm base em observações dos ciclos.

Urano, por exemplo, fica aproximadamente sete anos em um signo, completando sua caminhada pelo zodíaco em oitenta e quatro anos. A última vez que Urano esteve em Áries foi de 1927 a 1935, período em que se deu a germinação da ideologia nazista que levantou a Segunda Grande Guerra.

As duas forças, a de Urano e a de Áries, são reformadoras, intensas, corajosas e pioneiras. Chegam mesmo na frente. Por onde passa, Urano costuma deixar a sua marca de revolução corada por destaques de individualidades criativas, originais e por vezes, esquisitas, polêmicas e inadaptadas, como foi o caso do controverso Hitler e também de sua audaciosa ideologia em que uma raça era enaltecida frente às outras, típico de um momento Urano em Áries, mas em uma frequência destrutiva.

O que podemos esperar?

Regendo o mundo das tecnologias e inovações, esse planeta geralmente impulsiona o que rompe com o antigo. No mundo atual, em que as coisas se transformam em uma velocidade frenética, o velho é tudo o que já foi inventado. Ou seja, sites, blogs, redes sociais, Iphones, Ipads...Isso já conhecemos. A revolução prevista pode utilizar essas vias para trazer algo ainda mais reformador.

Aliando essa energia ao impacto de Áries que "faz a hora e não espera acontecer", definitivamente estamos em um momento de colocar a voz no trombone. Mais do nunca, temos, cada um de nós, o poder de mobilizar grandes acontecimentos por meio da expressão das ideias. Por isso, não é hora de se omitir. Os blogs e as redes sociais devem ser utilizados para a disseminação daquilo que se acredita.

Urano vem passeando por Áries desde 2010, quando entrou e saiu algumas vezes do signo, por conta do movimento retrógrado(antes de fazer seu curso direto em um signo, a impressão que se tem é que todos os planetas vão e voltam). Já sentimos um pouco do ar de sua graça nesse signo. As revoluções no antiquíssimo oriente pululam. Wikileaks também foi capaz de provocar estragos em ambientes de informações que até ontem eram de alta segurança.

Mais e mais, as tecnologias serão utilizadas para reformar o que está obsoleto. Os grupos considerados "desviantes do padrão social", como os homossexuais, por exemplo, terão cada vez mais voz. Há uma forte promessa do aparecimento de gênios que poderão incomodar algum setor da sociedade. Tudo o que se refere a uma moral rígida deverá ser (e provavelmente será) revisto.

Na mitologia, Urano é castrado por seu filho Cronos, ou Saturno. Isso signfica, portanto, que Urano também encontra limites. Para toda ação existe uma reação contrária com força igual ou maior à original. É um duelo de grandes. Portanto, não é só propor a revolução, é preciso estar preparado para a guerra. Mas se houver motivação, Áries é um signo de fortes guerreiros.

Esse momento não será de qualquer Urano em Áries, já que Urano estará durante algum tempo em oposição a Saturno em Libra e em quadratura com Plutão em Capricórnio. É o momento ideal para reformas nos relacionamentos, reformas morais, reformas nas relações de trabalho, nas hierarquias de toda a ordem, especialmente as de cunho político.

Até 2016, estaremos inseridos nas excêntricas, velozes e tumultuadas transformações propostas por Urano em Áries. Poderemos sentir que tudo está meio caótico, bagunçado e sem o mínimo de ordem. As lideranças geniais que porventura surgirão poderão ter discursos impactantes e quem não os seguir poderá ser visto como retrógrado ou moralista. A impulsividade e a urgência em fazer transformações pode provocar esse tumulto. Mas é só uma fase de profundo desalinhamento do que estava estabelecido a fim de criar novos e melhores patamares de compreensão e ação. Urano em Áries pede coragem para reformas, mas realmente faz uma grande bagunça na casa. Preparemo-nos!

domingo, 3 de abril de 2011

Tradução do PAI NOSSO, a partir do Aramaico.

" Pai-Mãe, respiração da Vida, Fonte do som, Ação sem palavras, Criador do Cosmos !

Faça sua Luz brilhar dentro de nós, entre nós e fora de nós para que possamos torná-la útil.

Ajude-nos a seguir nosso caminho Respirando apenas o sentimento que emana de Você.

Nosso EU, no mesmo passo, possa estar com o Seu, para que caminhemos como Reis e Rainhas com todas as outras criaturas.

Que o Seu e o nosso desejo sejam um só, em toda a Luz, assim como em todas as formas, em toda existência individual, assim como em todas as comunidades.

Faça-nos sentir a alma da Terra dentro de nós, pois assim, sentiremos a Sabedoria que existe em tudo.

Não permita que a superficialidade e a aparência das coisas do mundo nos iluda, E nos liberte de tudo aquilo que impede nosso crescimento.

Não nos deixe sermos tomados pelo esquecimento de que Você é o Poder e a Glória do mundo, a Canção que se renova de tempos em tempos e que a tudo embeleza.

Possa o Seu amor ser o solo onde crescem nossas ações.

AMÉM.